Maracanazo

Maracanazo

Traduit du portugais (Brésil) par Philippe Poncet

En 1950, se produit le “Maracanaço” (traumatisme du Maracanã), qui hante toujours la nation brésilienne: la défaite de l’équipe brésilienne, la Seleção, contre l’Uruguay en finale de la Coupe du monde. Arthur Dapieve imagine un autre “Maracanazo”, celui de l’équipe d’Espagne contre le Chili, au premier tour de la Coupe du monde 2014. Dans le stade mythique du Maracanã, un choc identique se produit entre un supporter Espagnol inscrit dans l’héritage du franquisme et une jeune Chilienne dont les parents sont des survivants de la dictature militaire…
Des règles, débordements et violences du football appliqués à l’amour guerrier entre supporters, le terrain de foot comme métaphore du champ social, concentré d’histoires et du machisme.

À propos

« Maracanazo » est l’expression qui désigne au Brésil la défaite en finale de la Coupe du monde de football 1950, désastre national ayant eu pour cadre un stade Maracana tout juste achevé. Le jour-naliste carioca Arthur Dapieve la reprend en titre d’une nouvelle ayant pour cadre Rio et sa fameuse enceinte, lors du dernier Mondial. Toutefois le match autour duquel se noue l’intrigue ne met pas en scène les joueurs auriverde: c’est une rencontre décisive entre le Chili et l’Espagne, ancienne puissance coloniale et championne en titre, qui en sortira piteusement éliminée. Victor, jeune supporter madrilène, subit ainsi par procuration une amère défaite. Mais le hasard a fait asseoir près de lui une aimable supportrice chilienne… Ni bluette ni roman à l’eau de rose sur fond de ballon rond, Maracanazo est le récit de l’attraction de deux êtres aux héritages culturels et aux conceptions politiques opposés, avec pour second décor un Disneyland pour supporters où coule la bière, planté par la Fifa sur la plage de Copacabana. Même dans cet espace standardisé, la rencontre est possible. Elle n’en aboutira pas moins à un fiasco : un de ces « Maracanazo » intimes qui laissent en bouche un goût de cendre. Un ratage, un gâchis, à peine atténué par un involontaire échange de maillots entre deux adversaires qui, l’espace d’un soir, se seront malgré tout rapprochés. ● Ph.B pour UFOLEP
Quando eu conheci o jovem jornalista Arthur Dapieve, vaticinei: “Você vai ser um superjornalista”. Não deu outra. Desde então, leio tudo, absolutamente tudo, o que ele escreve. Seu último livro, “Maracanazo”, não se remete apenas a futebol, como se supõe, ou seja à lembrança da fatídica derrota do Brasil diante do Uruguai na Copa de 1950, quando, ao final do jogo, 200 mil pessoas protagonizaram o maior silêncio de que se tem notícia. É um dos cinco contos deste livro de um saboroso texto, que mistura ficção com realidade. A começar por “Tempo ruim”, que conta a aventura de dois adolescentes e amigos surfistas, que, mesmo com tempo nublado e sujeito a chuvas, enfrentam como combustível o mar bravio da mítica Praia de Copacabana em busca incessante de adrenalina e do desafio ao mar a todo custo, sem saber que estão prestes a enfrentar um desafio inesperado.
Em “Fragmento da paisagem” e “Inverno,1968”, Dapieve transita pelo universo da música, mas em dois momentos diferentes: o primeiro conto gira em torno de um concerto da nona sinfonia de Mahler, em Viena, pouco antes da Segunda Guerra Mundial. O segundo se passa num ensaio do Pink Floyd, em Londres, num momento chave da história do rock. O quarto conto, “Bloqueio”, descreve uma situação absurda em que uma pessoa (em cadeira de rodas) se vê num impasse nas ruas do Rio. Enfim, “Maracanazo.” Na Copa de 2014, jogaram ali Chile e Espanha. Não era o Maracanã de 1950 com seu rótulo de maior do mundo e a ferida pela perda do Mundial pelos brasileiros. Mas um novo estádio, em novo tempo de Copa, com a maldição de 1950 impregnada na suas paredes. Na arquibancada, três amigos espanhóis acompanham com apreensão o jogo que pode determinar uma nova esperança em passar de fase ou mandá-los para casa. E virou também um Maracanazo para os espanhóis, eliminados mais uma vez no estádio, o que já ocorrera em 1950, quando foram impiedo samente goleados pelo Brasil por 6 a 1 nas semifinais.
Ao lado de Victor, um dos espanhóis, senta se uma jovem chilena (Violeta?). E que, de repente, fugindo a um movimento de um dos telões do estádio, dá um beijo inesperado no “adversário”, numa atitude que colocará pelo avesso todas as suas expectativas. De origens opostas, rivais, que ao longo da noite, terminando num apartamento em Copacabana, revelarão suas verdadeiras intenções.
Uma dica e tanto. Vocês não podem deixar de ler.
Venho acompanhando ultimamente uma “novela” que, vamos combinar, é puro déjà vu: a das obras da Rua Coronel Moreira César, em Icaraí. Não tem dia em que não veja ou saiba de uma manifestação de meia dúzia de descontentes com os transtornos causados pelo projeto. Jornalistas e pessoas de boa memória sabem que é sempre assim: o mesmo descontente que grita hoje é o que vai celebrar a obra pronta. Vimos isso, no Rio, durante as obras do Metrô nos anos 1970 e agora, no Rio Cidade dos anos 1990, e no projeto Porto Maravilha, também agora.
Eu confesso a vocês: não tenho dúvida de que a Moreira César vai virar um brinco, uma espécie de showroom da cidade. Bonita, ordenada, civilizada e tecnológica. Niterói está dando sinais de que vive um novo florescimento. Quem está aos pulinhos é o designer Alberto Mattos: “A rua vai ficar linda sem aquela fiação horrorosa que, em dias de temporal, coloca em risco a vida das pessoas, e as árvores vão poder subir, subir, cobrindo a rua com suas copas”.
BETY ORSINI
  • Date de parution : 15 avril 2015
  • ISBN : 9782907337953
  • 13,00 €
  • 13x19 cm
  • 120 pages